Every Hem a Gem: os Contrastes Encantadores do Vietnã
The Lolla Connection
No novo projeto do Lolla, as nossas colunistas internacionais contam sobre o lifestyle, tendências, cultura, novidades e o que está rolando de mais cool em diversas cidades do mundo. Apertem os cintos e boa viagem!
LEIA O TEXTO DA PAULA TROMBINI
Pensei e pensei em como seria legal eu começar a minha coluna por aqui... São tantos temas interessantes desse lado do mundo que eu fiquei até confusa. Portanto, vamos começar do começo. Eu sou a Paula, nova colunista do Lolla e eu moro em Ho Chi Minh City, no Vietnã. E agora você deve estar se perguntando: "Como ela foi parar lá?"
Afinal, o Vietnã é um lugar tão diferente e com tão pouca informação fora do eixo histórico e turístico que, mesmo hoje em dia, quando eu conto que moro por aqui, as pessoas ainda fazem cara de susto! Mas, eu sei que você, leitora do Lolla, deve imaginar que existe muito mais do que só resquícios da guerra por aqui…
Para ser bem sincera, eu mesma mal sabia onde o Vietnã estava no mapa (se você está se perguntando onde fica, é entre a China e a Índia, para o Sul, vizinho do Laos e Cambodia) quando a empresa que meu marido – na época noivo –, trabalhava nos trouxe para para "conhecer" o país. Aliás, eu nunca tinha vindo para a Ásia! E foi nessa viagem que eu conheci o verdadeiro significado de overwhelming. Mesmo já tendo morado e viajado para alguns outros países, pisar pela primeira vez em uma cidade do sudeste asiático foi um tapa na cara de realidade misturado com muito som, cheiro e imagens jamais vistas antes.
Quando eu cheguei aqui eu ainda relutava em aceitar algumas coisas. Que pretensão a minha né? Me lembro do meu primeiro mês no Vietnã, em que eu ficava super apreensiva pelo governo ser comunista, por exemplo. Tenho uma história muito engraçada sobre isso. Todos os dias, pela manhã bem cedo, eu ouvia uma gravação. E se hoje em dia eu ainda não entendo a língua local, imagina só há quase cinco anos. Eu não tinha ideia do que se tratava. Então, eu cheguei para o meu marido e falei que aquelas gravações poderiam ser algumas notícias ou algo do governo e nós nunca iriamos saber o que eles diziam. Meu marido fez uma cara meio de quem diz “nada a ver”, mas depois me confessou que eu o deixei com uma pulga atrás da orelha e ele foi perguntar no trabalho o que poderia ser. Descobrimos que era apenas uma gravação de vendedores de Banh Minh (um sanduiche bem comum aqui para o café da manhã). É o tal do medo do desconhecido. Eu não tinha ideia de como era conviver com um governo totalitário e isso me incomodava demais no início, mas deixemos mais desse tópico para depois...
Quando eu comecei a entender que não tinha como comparar com nada do que eu já tinha vivido e que era necessário entender onde eu estava, eu me apaixonei. A Ásia tem esse poder, acreditem!
Hoje em dia, quase cinco anos depois, tudo que no começo me causava espanto é o que eu mais gosto aqui: lojinhas escondidas de designers locais, algumas ruas ainda pouco asfaltadas e a bagunça das barracas de ruas – quanto mais local, melhor. O ser humano é mesmo muito adaptável. Minha vida em Saigon – nome antigo da cidade e ainda carinhosamente chamada pela maioria dos locais – é super movimentada. Cheia de amigos, eventos e novidades de bares e restaurante toda semana. Olhando para trás, hoje vejo que foi uma surpresa maravilhosa. Para mim que sempre trabalhei com marketing, é um prato cheio de inspiração! Sinceramente, difícil não se apaixonar. É esse o tal poder da Ásia – basta abrir o coração para entende-la.
Aqui existe um ditado que diz: Every hem a gem. Hem em vietnamita significa ruela. Ou seja, uma tradução mais ou menos que fala: cada canto um encanto – e nada define o país melhor que isso, na minha opinião. Em meio a corrida feroz pelo desenvolvimento, ainda é muito comum encontrarmos restaurantes maravilhosos dentro de prédios muito antigos, que para serem acessados é preciso passar por um quarto de uma família local, por exemplo.
Cenas como, uma senhora de bicicleta usando o chapéu vietnamita para se proteger do sol, vendendo comida de rua em frente a loja Louis Vuitton também ainda estão por todas as partes. E é bem aí que está toda a alma desse país que ainda carrega o pós-guerra: no contraste orgânico e na alma das pessoas pouco influenciadas pelo resto do mundo.
Acho que a maioria das pessoas se muda para este lado do mundo por oportunidades de trabalho, a Ásia é a bola da vez. Mas, sem dúvidas, o principal benefício está em estourarmos a nossa própria bolha e entendermos que existem muitos outros mundos além do nosso. E a Ásia escancara isso a todo minuto, afinal é tudo muito diferente do lifestyle ocidental.
Não é sobre o lugar que estamos, é sobre o que o lugar que estamos nos faz sentir. E a Ásia faz sentir e viver muitas coisas… E eu não podia estar mais feliz em compartilhar com vocês.
Espero que gostem! See you soon!
SAIBA MAIS SOBRE A PAULA TROMBINI
Publicitária, curiosa e defensora da vida dinâmica, Paula é nascida em Curitiba e já morou nos 4 cantos do mundo (Nova Zelândia, Nova Iorque, Paris e Saigon.) Overthinker desde pequenininha, adora analisar os casos e coisas da vida por onde passa. Já trabalhou com publicidade, varejo e marketing de moda. Mora na Ásia há 5 anos – and counting– e dividirá por aqui tudo que há de mais legal pelo Sudeste Asiático, no momento, em Saigon no Vietnã.