Mixed feelings das viagens com os pais

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Filha única de pais casados há 30 anos, admito que sou a típica garota mimada que nunca quis um irmão ou uma irmã para dividir a atenção. Sempre fomos nós 3. Em tudo. Desde pequena, talvez pela relação leve, honesta e cheia de amor que construímos, me acostumei a fazer programas junto com eles... Na verdade, eu amava (ainda amo) passar meu tempo livre com meus pais alternando entre cinema, restaurantes, teatro e claro, viagens. Gostaria de dar ênfase nesse último tópico, uma vez que tenho 23 anos e o que eu já vi do mundo, mesmo tão nova, é realmente uma bênção e, por isso e por tanto mais, eu só tenho a agradecer. No entanto, vejam bem, não quero que me entendam mal e muito menos soar ingrata, mas venho percebendo que algumas coisas e algumas programações já não fazem mais sentido... por hora.

Recentemente, fizemos uma viagem a Vinã del Mar, no Chile. Foram 5 dias muito gostosos mas que me fizeram refletir bastante. Para ser sincera, refleti tanto, mas tanto, que fiz uma pequena lista mental com as razões de eu querer dar um break de férias em família. De alguma forma botar essa lista no papel fez ela ficar real, e isso me dá mixed feelings. Mas enfim...

Porque eu preciso de um break de férias em família

Dormir no mesmo quarto - Sou o tipo de pessoa que só consegue de fato pegar no sono se estiver longe de qualquer barulho e imersa em um breu total. Furinhos na persiana? Jamais! Roncos? Bom, meus pais tem quase 60 anos e, se eu que tenho 23 “respiro alto” de vez em quando....entendem o que quero dizer? O pior, é que não posso nem pensar em acordá-los, meu pai principalmente. Diz ele que tem o sono muito leve e raramente consegue dormir tão profundamente...Teve uma noite que eu, em minha defesa, gravei a orquestra sinfônica do nosso quarto para eles entenderem minha situação. Obviamente, de nada adiantou.Disposição física - Se me chamarem para correr uma maratona, é fato que estarei desmaiada no primeiro km. O foco aqui não é o condicionamento físico, e sim sair do hotel antes das 11 da manhã, por exemplo. Nunca fui de dormir muito, em viagens principalmente, sinto que preciso aproveitar cada segundo do dia e claro, da manhã também! Acordar, me trocar, tomar café e tchau! Para que tanta enrolação? Se for pra ficar na cama, fico em São Paulo! Mas OK, confesso que nesse último destino que escolhemos, não há lá taaanto para se fazer. A ideia é passar dias mais relax mesmo, sem regra de horário, por isso até entrei na onda e dei uma “descansadinha” no hotel antes do jantar.

Personalidade - Esse último tópico, para mim, é sem dúvida o mais importante e o mais difícil de explicar, mas vamos lá. Long story short? Eu mudei. Minhas vontades, minhas prioridades, minha rotina, meus hábitos, nada disso continua igual, assim como para eles também não... Sinto como se fôssemos incompatíveis, quase como um match que não deu certo, rs. Nesses 5 dias, não foram raros os momentos em que discordamos e não conseguimos entrar em um consenso, foi aí que eu entendi que talvez tempo e espaço fossem o melhor remédio.Ao longo da viagem, tive altos e baixos. Ri, chorei, senti uma onda de gratidão me cobrindo e ao mesmo tempo uma leve marola de culpa. No entanto, conversando com a minha melhor amiga (que por sinal também estava em terras estrangeiras acompanhada de seus pais e sentido exatamente a mesma coisa que eu), percebi que tudo isso que se misturava na minha cabeça e no meu coração nada mais era do que algo muito simples: eu cresci.Minha relação com meus pais continua ótima, os amo mais que tudo! Porém, como antes dito, talvez uma pausa em intensos dias juntos mundo afora nos faça bem.Obs: Mom and Dad, não levem para o pessoal, ok? Os almoços aos domingo só fazem sentido com vocês <3.Vocês já passaram por uma situação como essa? E como lidar com a culpa? Vamos debater nos comentários!P.S. A Woman’s Right to Travel and Você tem um ritual de volta de viagem?.
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