O Tipo de Shopping Que Eu Mais Gosto de Fazer
Desenvolvi um sistema de compras que me ajuda a organizar o que eu quero e o que preciso comprar, e estou orgulhosa dessa conquista. Depois de anos tendo uma relação nada saudável com meu cartão de crédito, descobri que meu maior problema era não pensar muito na hora de fazer uma compra, eu sempre escolhia “lidar com isso depois”. O que me impulsionava era a instant gratification, apenas para eu sair da loja questionando minha compra instantes depois (sensação que eu odeio).Faço listas de tudo que eu quero comprar e separo por categoria. Depois passo tudo para um calendário do Google e compro por fases. Agosto e Setembro comprei mais para as crianças, elas perderam muita roupa esse ano e precisei repor. Se eu quero comprar alguma coisa pra mim, espero o momento certo no meu calendário. It's not rocket science, mas preciso curtir todo o processo para conseguir stick to it.Agora com um planejamento em mãos, eu consigo ficar meses (pra mim é uma conquista) sem comprar uma peça de roupa e dar prioridade para outras coisas. Esse ano fiquei alguns meses sem comprar roupas, até quando encontrei esse vestido da Reformation e me apaixonei. Esse vestido de alcinha vai me ajudar e enfrentar o verão de 2021, já que estudos dizem que será um dos mais fortes. Não gosto muito de me vestir no verão, compro pouca roupa para a estação e acabo sempre passando calor, e sei que não estou sozinha. Posso dizer que eu e Roxanne Assoulin sofremos do mesmo problema, ela contou aqui nessa entrevista que fiz com ela nos primórdios do lolla.Eu queria um vestido da Reformation há uns bons 4 anos, mas nunca quis comprar online e da última vez que provei em NY não gostei de nada. Achei tudo justo demais, decotado demais, sexy demais. A modelagem da Reformation não mudou em nada, o vestido é tudo isso, mas agora eu amei. Acho que meses de confinamento fizeram eu perceber que a vida é curta, sei lá mais quantos anos eu tenho pela frente para sair com uma fenda de casa sem passar vergonha.The Joy of Waiting Esse tipo de compra, que eu espero meses (ou anos) para comprar, são tão especiais que sinto que continuo namorando o que eu comprei mesmo ela estando dentro do meu closet. Faço planos de looks, monto cenários e imagino até o meu humor. Amo comprar online porque é o único lugar do mundo que não tenho uma interação estranha com vendedoras - um ponto pra Zara aqui, o time da Zara parece não estar nem aí se eu vou comprar ou não as 12 peças que levei para o provador. Já as vendedoras da Sephora devem me odiar, entro, faço mil perguntas, tiro foto de tudo, provo cor e não compro nada. Volto pra casa pra fazer pesquisa, ler reviews e aí acabando comprando online 1/5 do que estava planejando comprar no dia que fui à loja, porque no fim o que eu busco com make e skincare é uma solução no filter para a vida real e ela ainda não existe.O tipo de compra que eu gosto mesmo é aquela construída por something to look forward. Algo que está ocupando meu imaginário há tempos, que me dá um monte de oportunidades e que tenha chances negativas de me causar algum sentimento ruim, como arrependimento. São compras que eu preciso me planejar, decidir se quero mesmo, e normalmente envolvem pesquisa. Meu passatempo preferido é abrir 90 tabs no meu computador garimpando a camiseta branca ideal (ainda não achei). Assim eu ganho tempo para eliminar qualquer dúvida, e se eu compro, não me arrependo.Sempre rejeitei a dica de quem ensina como poupar dinheiro: só compre se você tem certeza, se você precisa, etc, porque eu sei que serei incapaz de resistir se eu quiser muito e vou inventar motivos para "precisar". Para driblar isso, passei a namorar a compra, a entender e ir atrás da certeza e hoje 90% das minhas compras só faço se eu tenho muita certeza. Gosto de entrar na Zara e sair de mãos abanando, só para ver o que tem e comprar depois.Make up, Mary Janes shoes e um aparador vintageAgora ando pesquisando básicos de maquiagem: corretivo, base e máscara para os olhos. Já fui duas vezes na Sephora, fazer minha pesquisa de produtos, just for fun. Hoje eu achei uma Mary Jane de veludo na Asos baratinha, parecida com uma da Dôen que eu namoro há anos mas nunca comprei. Fora isso, ainda preciso comprar algumas coisas para a minha casa. Essas são compras mais caras e mais demoradas, preciso ser muito certeira. Estou em busca de um aparador/buffet/cristaleira para a entrada e uma mesinha ou mesa bar para um canto específico de 70cm. Não está sendo fácil achar, mas uma delícia pesquisar, ainda mais que eu não quero nada novo, to garimpando em lojas 2nd hand. E um armário para o quarto das kids, na mesma vibe.Acho que esse planejamento me dá a ilusão de que estou no controle das minhas compras, como um ato de rebeldia contra o que o Instagram acha que eu devo comprar. Não está sendo nada fácil resistir a luminária mais mignon que meus olhos já cruzaram made in South Korea que vi no Etsy. E como postei outro dia no Instagram, se alguém tivesse almofadas xadrez com babadinhos a pronta entrega já estaria sem estoque. É aqui onde eu cometo meus lapsos que atrapalham meu planejamento, acordo querendo uma coisa e ela se torna prioridade na minha lista, fura a fila ignorando todos os objetos que ocupam esse universo paralelo. O melhor a se fazer nesses dias é não sair de casa, fugir resistir aos meus sites favoritos e abrir um livro, meu maior aliado ao impulse shopping. Mas em tempos de pandemia, tudo que eu quero é um pretexto para sair de casa por algumas horas, e é assim que eu sigo equilibrando meu planejamento, justificando minhas escapadas.