Vamos falar sobre autossabotagem. Você faz isso com você?
Hoje na esteira (obrigada americans por terem disseminado o podcast para eu poder ter um motivo para subir em uma esteira), ouvi um episódio do Monocycle, o Podcast da Leandra Medine, founder do Man Repeller.
O titulo é Self-Sabotage - tipo a definição do meu comportamento. Ela conta de um aha moment na terapia, quando finalmente entende que o comportamento dela de não avançar muito depois de ter conquistado algumas coisas boas, são uma espécie de autossabotagem. Isso me levou a sala da minha terapeuta, há alguns anos atrás, quando ela me disse “por que você não se acha merecedora de coisas boas? por que você não pode apenas, enjoy?”. Eu não sei porque, mas eu sei que se eu der o primeiro passo para não enjoy, a frustração será menor, certo?
É como seu eu vivesse em um estado constante de alerta, sempre preparada para o pior. Isso não me permite enjoy all the way, viver all the way e nem amar all the way. Mas pelo menos eu continuo no controle.
Não é exatamente que eu ache que não mereça, mas algo de ruim precisa acontecer para equilibrar a equação. Me lembro exatamente do dia que pensei nisso de forma bem clara e que isso foi comprovado. Foi no dia que me converti ao judaísmo (meu marido é judeu e decidi me converter depois de um ano estudando essa ideia e essa cultura que eu adoro). Eu tava casada e super feliz, minha consultoria crescendo, eu estava ganhando dinheiro e quando me converti já estava grávida do Ben. Teve algo de especial em entrar na mikve com ele na minha barriga (pensa na Charlotte em Sex and The City entrando pelada em uma piscininha). Quando acabou contei que estava grávida e falei para a minha professora “está tudo tão perfeito que tenho até medo de falar em voz alta”. Algumas semanas depois eu recebi o diagnóstico da gastrosquise do Benjamin. Entendeu o ponto?
ENTENDENDO PEQUENOS TRAUMAS PARA ENCONTRAR RESPOSTAS
Minha família nunca foi boa com planos, foram poucas as viagens planejadas que realmente aconteceram. Meus pais mudavam de ideia frequentemente, parece que sempre aparecia algo mais importante ou mais empolgante que o plano inicial. Um dia eu percebi um padrão: todas as viagens que eu marcava na minha agenda não aconteciam. Um dia parei de marcar, quem sabe era o universo que queria ficar mais livre? Óbvio que elas continuaram mudando de data ou não acontecendo at all, mas porque esse era o padrão da minha família e não porque o universo conspirava de forma negativa. Eu só aprendi a não acumular tantas expectativas.
Posso dizer o mesmo da minha mãe. Ela é um pouco atrapalhada com os horários, acaba fazendo muita coisa ao mesmo tempo e rotina não é muito o forte dela. Sempre que ela se programava para buscar a gente na escola alguma coisa acontecia e ela não aparecia. Lá chegava o motorista para levar a gente onde ela estivesse. No restaurante, no supermercado, terminando alguma tarefa, etc. Claramente preciso trabalhar esse mini trauma haha mas acho que é algo que me faz também não alimentar muitas expectativas e me preparar para me virar no plano B.
ENTENDENDO TUDO ISSO E O QUE FAZER
Além de acumular ansiedade, o lado ruim disso tudo é que tenho dificuldade de mudar alguns padrões e de me puxar para frente. A Leandra falou sobre como ela se comporta na academia, desisitindo antes de um exercício com uma facilidade, como se estivesse poupando o corpo dela, não fazendo algo bom por ela. Para que push forward? A mesma coisa quando a gente chega em um patamar confortável com qualquer coisa da vida, seja já saber cozinhar um numero bom de receitas ou conseguir correr 10km sem morrer. Eu demoro para passar para a próxima fase, nunca serei essas pessoas que dizem “eu adoro desafios”. Prefiro fazer bem feito o que eu já sei, mas isso limita o espaço do crescimento, o que é totalmente contra o que eu acredito e quero pra mim, entende o antagonismo constante que eu vivo? Eu amo estudar e adquirir conhecimento, mas porque fazer uma prova? Odeio provas.
IDEIAS E SOLUÇÕES TÃO BRILHANTES QUANTO PREGUIÇOSAS
Anyway, colecionei algumas dicas e pensamentos sobre self-sabotage para criar algumas estratégias de combate.
First of all
Entender que a autossabotagem acontece quando nosso consciente e nosso subconsciente estão em conflito. Quem faz seus goals de fim de ano é o seu consciente e quem te impede de conquistar esses goals é o seu subconsciente.
Medos e pensamentos
Encontre os medos especificos que te sabotam e dê um jeito de lidar com eles. Por exemplo: eu tenho medo dos lolla talks serem um desastre, desorganizados, confusos e que as pessoas que estão ali para me ouvir não se conectem de verdade e que alguém solte um “booooo” tipo em uma desconcertante apresentação de stand up comedy. Mas isso dificilmente vai acontecer e os talks são sempre muito legais e todo mundo adora e isso preenche a minha autoestima. E nada disso justifica não viver a minha vida a toda capacidade. Even so... continuo com medo.
Síndrome do Impostor
Essa sindrome maldita que faz a gente questionar a nossa capacidade como produtivas, líderes, criativas, provedoras e etc é uma das maiores responsaveis pela autossabotagem. Recomendo esse texto meu para o F-utilidades de esse texto da Maria Ruth Jobim sobre síndrome do impostor.
Mudar esses comportamentos é dolorido e gera muita ansiedade, niguém quer se trancar em uma sala com cobras (meu maior real de toda a minha vida) para resolver seus medos, mas é o único jeito.
Mais sobre self-sabotage nesse artigo da Vice.